A fábula

Era uma vez um planeta mecânico
Lógico, onde ninguém tinha dúvidas
Havia nome pra tudo e para tudo uma explicação
Até o pôr-do-sol sobre o mar era uma gráfico

Adivinhar o futuro não era coisa de mágico
Era um hábito burocrático, sempre igual
Explicar emoções não era coisa ridícula
Havia críticos e métodos práticos

Cá pra nós, tudo era muito chato
Era tudo tão sensato, difícil de agüentar
Todos nós sabíamos decor
Como tudo começou e como iria terminar

Mas de uma hora pra outra
Tudo que era tão sólido desabou, no final de um século
Raios de sol na madrugada de um sábado radical
Foi a pá de cal, tão legal

Não sei mais de onde foi que eu vim
Por que é que estou aqui
E para onde devo ir
Cá pra nós, é bem melhor assim
Desconhecer o início e ignorar o fim
Da fábula


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9 comentários em “A fábula”

  1. Raí Mariano

    Na minha opinião essa música retrata bem o que se fala no livro “um discurso sobre as ciências” em que é posto toda a história da ciência com seus paradigmas e crises desde o século XVI até os dias de hoje.
    O planeta mecânico seria a predominância das ciências naturais (paradigma da ciência moderna) como a mais pura ciência para explicar todas as coisas (séc. XVI até o século XVIII).
    Adivinhar o futuro e explicar emoções já seriam mostras da crise da ciência moderna para a pós-moderna em que se revela vários autores de ciências sociais como Karl Marx e Freud.
    Após a ciência pós-moderna só nos resta especular, já que o que vale na ciência é o bom-senso (a pá de cal). Humberto Gessinger assume uma postura também descrita no livro que é a de assumir a dúvida ao invés de sofrer com ela em suas dualidades. Assume também a insegurança ao invés de fugir dela: “Cá pra nós, é bem melhor assim
    desconhecer o início e ignorar o fim da fábula”

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  2. Eu penso que é retrata uma quebra de um paradigma mecanicista, onde se pode prever tudo. E no final de um século (XIX) tudo começa a se transformar. A Ciência muda completamente… EX: Quântica, relatividade e o efeito borboleta na teoria do Caos… Nada mais é visto como previsível, fácil de se decifrar. Cá pra nós, um mundo sem essas idéias determinísticas é bem mais real. “Cá pra nós, é bem melhor assim
    desconhecer o início e ignorar o fim da fábula”

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  3. Flávio Amorim

    Bom amigos,
    Conhecendo Engenheiros do Hawaii como conheço, a letra mostra ilustradamente um casamento no seu fim… vejam a letra com esse olhar, dá certinho, bem figuradamente.

    Espero ter contribuído.

    Abçs

    Flávio A Amorim
    [email protected]

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  4. Acredito que a música fale sobre como as pessoas sempre têm a necessidade de procurar motivos e razões para tudo, até mesmo para sentimentos; têm dificuldade de aceitar que talvez nem tudo tenha uma explicação.
    E que alguma hora esse hábito de justificar e buscar motivos para tudo acabará atrapalhando a qualidade de vida das pessoas, porque em vez de procurarem aproveitar as coisas, ficam preocupadas com o que estas significam; pois no fundo é mais importante aproveitarmos o agora do que ficar tentando entendê-lo.

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  5. Marcos Lupp

    A música me lembra a frase “a ignorância é uma benção”. O conhecimento é um dom e uma maldição e acumulá-lo pode se tornar um grande fardo. É sensato dizer que pessoas com um alto QI tem dificuldades em relacionamentos por exemplo.

    Outra questão sobre os malefícios do acúmulo de conhecimento e explicações que talvez caibam no contexto da música é a questão dos alimentos. Sempre há alguma informação que diz que a sua alimentação faz mal e cria-se essa paranóia toda.

    A simplicidade no entendimento da vida pode torná-la mais agradável.

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  6. Eduardo D oliveira Nunes

    Pra mim, podemos atribuir ela, as redes sociais. Hoje vemos que as pessoas estão sempre dando opinião em tudo como se fossem donos da verdade, postam fotos como se a vida delas fossem perfeitas, como se o imperfeito no mundo delas não existisse. Um verdadeiro planeta de ilusão. No trecho ” explicar emoções não era nada ridículo” Na minha opinião é como hoje no Facebook, tudo que acontece estão postando fatos de suas vidas. Isso tudo faz parecer um planeta mecânico. Só que uma hora tudo desaba, porque o mundo não é um planeta mecânico, o mundo é real.

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